Na
minha infância, não tive muitas oportunidades de aproximação com os livros. Meu
pai costumava ler, mas eram leituras para dentro, silenciosas, de livros “de
adultos” – numerologia, astrologia, autoajuda etc. Minha mãe, por sua vez, lia
missais e livros de culinária. Ela gostava muito de cantar também e, por sinal,
tinha uma voz melodiosa e interpretava as canções, transbordando emoções.
Minhas primeiras experiências com a
leitura e a escrita ocorreram na fase de alfabetização, com a cartilha “Caminho
Suave”. Adquiri habilidades leitoras
rapidamente e logo comecei a ler as histórias dos livros didáticos, histórias
estas voltadas para a formação moral e desenvolvimento de condutas exemplares.
As redações eram baseadas em temas previamente determinados pela professora,
como “Minha festa de aniversário”, “Minha viagem de férias”, nas quais eu
precisava exercer a minha criatividade no grau máximo, pois nem sempre havia
viajado nas férias ou mesmo tivera uma festa de aniversário.
Nos últimos anos do Curso Ginasial
(é isso mesmo, já sou meio antiga), havia a obrigação de ler um livro a cada
bimestre. Foi então que li Memórias de um
sargento de milícias, Meu pé de laranja lima, Iracema entre outros.
Apaixonei-me de verdade mesmo pelo Meu pé
de laranja lima, que li repetidas vezes.
No Curso de Formação de Professores,
chamado Curso Normal, foi a vez de fazer seminários sobre escolas literárias,
suas características, autores consagrados e as imensas listas de suas obras...
Ensino indigesto! Nessa época, li pouca
literatura.
Mas, foi durante o Curso Objetivo,
em São Paulo, que “devorei” as obras literárias relacionadas para o vestibular.
Comprei vários livros de bolso, das Edições de Ouro (muito mais baratas!) e
li-as todas. Embora o estímulo à leitura tivesse partido de uma necessidade
prática – ser aprovada no vestibular da USP – encantei-me pelas histórias e
descobri um mundo novo, de sonhos, fantasias, romances, aventuras, críticas
sociais e me transformei em outra pessoa. Aprendi a ler o mundo com outros
olhos e compreender as pessoas e a mim mesma, lançando mão de novos referenciais.
Jussara gostei muito do seu depoimento de leitura.Que bom que você aprendeu a ler o mundo com outros olhos.O olhar da compreensão...Um abraço
ResponderExcluirCarime