domingo, 5 de maio de 2013

Situação de Aprendizagem

Este espaço é destinado à publicação da Situação de Aprendizagem dos integrantes do Grupo 7 do curso Melhor Gestão Melhor Ensino.



Proposta de Situação de Aprendizagem, explorando as capacidades de leitura (Rojo, 2004)
Público: 9º ano Ensino Fundamental

Integrantes do Grupo:
Dora Nei Garcia Marçal
Eliana Ramon Crepaldi Esper
Isabele Justino Prevido
Jussara Maria Lovato
Martha Wassif Salloume Garcia
Renata Motta Chicoli


PAUSA
 Moacyr Scliar
Antes da leitura: (Professor, faça questionamentos que instiguem o aluno).
O que significa a palavra “pausa” para você?
O texto que vamos ler tem o título Pausa. Em que gênero vocês acham que este texto está escrito?
O autor do texto chama-se Moacyr Scliar. Vocês conhecem este autor ou já leram algum texto que ele tenha escrito? (proposta de pesquisa na internet. Uma das polêmicas do momento é a acusação de suposto plágio de Yann Martel, pois “As Aventuras de Pi” resgatam muitos aspectos da obra “Max e os felinos” de Scliar. Seria um bom mote para discutir a questão da ética e direitos autorais com os alunos).
Durante a leitura:
Professor, leia o texto em voz alta, para seus alunos. Vá interrompendo a leitura e fazendo questionamentos pertinentes para auxiliar o percurso de interpretação dos alunos.
Durante a leitura, chame a atenção para as escolhas lexicais (pontue, perguntando aos alunos por que foi usada esta e não aquela palavra); para a intencionalidade do autor, para a descrição da personagem, enfim, para as pistas linguísticas que o texto fornece.
Exemplos:
A personagem Samuel é descrita no terceiro parágrafo. Releia-o e observe o uso da palavra máscara. Qual foi a intencionalidade de usar esta palavra na descrição?
Samuel é conhecido pelo gerente do hotel por Isidoro. Por que você acha que ele, Samuel, tem outra identidade? Samuel e Isidoro são a mesma pessoa?
Depois da leitura:
Samuel, todos os domingos, sai de casa para ir dormir em um mesmo hotel. Retomando o título “Pausa”, como você explica esta necessidade de Samuel?
Retire do texto a expressão que legitima que esta ação de Samuel é recorrente.
Depois de toda a análise realizada, o que nós, leitores, podemos dizer sobre Samuel?
Obs. Espera-se que o aluno perceba que Samuel é uma pessoa em conflito (dependendo da maturidade da turma, pode-se falar em conflito de ordem sexual, pois no sonho da personagem, aparecem símbolos fálicos). Para conseguir conviver com esse conflito existencialista, Samuel necessita de se atribuir pequenas pausas/fugas da realidade que o rodeia.

Segue abaixo, o texto com comentários para direcionar a leitura dos alunos e a intervenção do professor.


Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
— Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara  escura.
— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz.
— Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
— Por que não vens almoçar?
— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
 A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
— Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
- Ah! seu Isidoro ! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre.
Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
- Já vai, seu Isidoro?
- Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem, seu Isidoro - disse o gerente.
- Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre  - observou o homem, rindo.
Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.


SCLIAR, Moacyr. O carnaval dos animais. Porto Alegre: Ed.  Movimento, 1963.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DOLZ, J. M.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e Progressão em expressão oral e escrita – Elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. M. et al. Gêneros orais e escritos na escola. 2. Ed. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2010. p. 35-60. Tradução e organização de R. H. R. Rojo e G. S. Cordeiro.
ROJO, R. H. R. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. Texto de divulgação científica elaborado para o Programa Ensino Médio em Rede, Rede do Saber/CENP_SEE-SP e para o Programa Ler e Escrever - Desafio de Todos, CENPEC/SME-SP. SP: SEE-SP e SME-SP, 2004.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, códigos e suas tecnologias. São Paulo: SEE, 2010.


SCLIAR, Moacyr. O carnaval dos animais. Porto Alegre: Ed.  Movimento, 1963.



 A que o título deste texto nos remete? O que significa “pausa”? Do que você acha que este texto vai tratar?
Este parágrafo traz a descrição da personagem Samuel. Qual a intencionalidade de usar a palavra “máscara” para descrever Samuel?
O que significa esta expressão?
Percebam que Samuel é chamado por Isidoro, pelo gerente do hotel. Por que será que isso aconteceu? Que hipóteses podemos levantar a esse respeito? Lembre-se de que Samuel é descrito como uma pessoa que mascara algo.
O que podemos deduzir sobre esta afirmação do gerente do hotel?
M6]<!--[endif]-->Por que será que Samuel queria sair de casa e ir a um hotel para simplesmente “dormir"?
Percebam que esta palavra está sozinha no parágrafo. Você acha que esse recurso enfatiza o efeito semântico da palavra?
Neste parágrafo há a descrição do sonho de Samuel. Percebam que o autor descreve-o, misturando sonho e realidade. O que você achou desse recurso estilístico?
O que está acontecendo no sonho de Samuel? O que a perseguição do índio pode significar? Será que este sonho é recorrente?
M8]<!--[endif]-->O que esta frase dita pelo gerente do hotel evidencia?
 

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